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De profundis clamo ad te domine

Ó Pai nosso que estais no céu, não por ser ele circunscrito, mas por dedicar maior amor as primeiras de vossas criações, por todas as criaturas louvado seja vosso nome e poder nas vossas três pessoas. Venha a nós a paz do vosso reino, que aspiramos por vossa bondade, como a vontade própria dos anjos se humilha ante o querer vosso, sob os doces cantos de Hosana, assim se humilhem os homens, todos os dias! Daí-nos o pão cotidiano, sem o qual, neste áspero deserto, retrocede o que julga andar avante. E à medida em que perdoamos a quantos nos fazem mal, perdoai, benignos, os nossos pecados, sem olhar a pequenez de nosso merecimento. Nossa virtude, que tão facilmente se deixa abater, não sujeiteis à prova com a tentação do inimigo antigo, mas fortalecei-a contra ele, que a procura vencer. Esta última prece, senhor, não a fazemos por nós que de seus efeitos já não temos necessidade, mas por aqueles que nos ficaram atrás!

Purgatório, Canto XI. A Divina Comédia. Alighieri, Dante.