Rio de Janeiro, você foi feito para mim!

Rio de Janeiro

Ao contrário do poema de Manuel Bandeira, Terasa, no qual o personagem só se apaixona na terceira vez que a encontra, bastou ver o Rio de Janeiro uma única vez para o céu e a terra se misturarem. Parecia que Deus queria me mostrar a beleza daquela cidade que por muito tempo eu mantive certa repulsa, parte da culpa, eu acredito que venha desse sensacionalismo em relação à violência da cidade.

Não estou aqui para criticar, apenas declarar o meu amor ao berço de Vinicius de Moraes e Tom Jobim.

Quando resolvi conhecer o Rio, cheguei ao aeroporto Santos Dumont, mas antes que o avião pousasse o piloto arremeteu, ao invés de ficar assustada, como algumas pessoas ficariam nesta situação, o fim daquele voo foi interrompido como se Deus dissesse: veja minha filha que lugar lindo! Vi o Cristo, o Pão de Açúcar, e os meus olhos brilharam como os da menina ruiva ao ver o basset de Clarice Lispector.

Logo conheci o lugar pelo qual me apaixonei: o Jardim Botânico. A paz que eu encontrei foi indescritível, muitas vezes me perguntava se as outras pessoas que já passaram por ali, também sentiam como eu aquela majestosa natureza.

Chafariz das Musas

Localizado na parte central, as quatro figuras representam a música, a poesia, a ciência e a arte.

Réveillon em Copacabana

Decidi voltar ao Rio nas duas datas das mais importantes do nosso calendário brasileiro: ano-novo e Carnaval. Que loucura o ano-novo em Copacabana. Enquanto várias pessoas me avisavam sobre o perrengue que é passar o réveillon naquele local, eu como toda turista ou simplesmente apaixonada pelo Rio, como prefiro a definição, não resisti.

Isso foi a minha primeira mágoa com a cidade, digo mágoa, pois decepção é uma palavra muito forte para o meu sentimento em relação ao Rio. Quanta gente! Milhões e milhões de pessoas, filas enormes para os poucos banheiros químicos do local, o som, mal se ouvia a 10 metros de distância, e que luta para chegar até areia e ver a tão esperada queima de fogos.

Passado o sufoco, agora sim, como foi emocionante àquela queima de fogos, parecia que eu estava em uma terra encantada, outro mundo. Um mundo fantástico e surreal de arrancar lágrimas dos desavisados que se entregam ao momento no qual milhares de pessoas, unidas em pensamentos, desejam paz, amor, felicidade e todos os sentimentos mais positivos do planeta.

Mas a minha frustração continuava, pois a chuva não parava de cair, por um lado, lavava a alma do povo que esperava pela oportunidade de um novo começo, inclusive eu. Por outro, existia a angústia de estar encharcada, cansada, já que optei em chegar cedo e naquela altura do campeonato estava há sete horas andando de lá para cá. A questão era como ir embora? Não havia ônibus, os táxis não paravam, e existia o desespero de chegar em casa, mas como? Além disso, a vontade de fazer xixi consumia a minha resistência psicológica.

Dentre os anjos que Deus colocou na minha vida, naquela noite encontrei um carioca um pouco bêbado (sim, os anjos estão disfarçados, acredite!), com a orientação dele, andamos de Copacabana a Botafogo, mais ou menos uma hora de caminhada, até conseguirmos um transporte público, pois os táxis não paravam e quando paravam, cobravam um valor exorbitante.

Consegui chegar à Barra, mas só depois de fazer xixi na rua, diga-se de passagem lamentável eu sei, aguentar um xaveco muito ruim, mas engraçado do meu novo amigo e pegar carona na caçamba de um motorista solidário que trazia um grupo de perdidos até suas casas.

Carnaval

Carnaval

Celebração no Parque do Flamengo

Outra data que fiz questão de passar no Rio foi o carnaval. Ah o Carnaval, que maravilha, agora com muito sol, blocos tradicionalíssimos pela minha cidade, sim, já a adotei.

Um dos blocos que mais gostei, adivinha, passou no Jardim Botânico, tudo lindo, com direito as clássicas marchinhas. Como é bonito o Carnaval no Rio, música, dança, tradição, indivíduos de todas as raças, credos e religiões.

Entre tantas pessoas que nasceram para fazer parte de um lugar, estava eu ali, com o desejo de me tornar parte daquela cidade. Dancei, me fantasiei, beijei e aproveitei aquele momento de exaltação da alegria.

O Rio de Janeiro mistura a natureza há uma arquitetura antiga, bairros tradicionais e muita cultura. Fui embora do Rio sem deixar de conhecer Santa Teresa e a Lapa, que boêmia! Muitos turistas, a maioria estrangeiros, buscando a essência do Rio.

Preciso deixar também o meu relato de que conheci o Rio “a La elite”. Copacabana, Barra da Tijuca, Leblon, Ipanema e Lagoa Rodrigo de Freitas, mas não posso descrever como são as favelas, o morro, onde vivem milhares de pessoas que precisam lutar para sobreviver neste mundo.

Não posso dizer como é a rotina de quem acorda cedo, pega trânsito para chegar ao trabalho, à escola, ao compromisso. Tenho apenas a visão de uma pessoa que estava ali para se divertir, em um momento egoísta de satisfação própria, alheia aos problemas sociais e ao caos de uma cidade grande.

Talvez eu volte e conheça o outro lado, no qual acredito não mudará o sentimento que tenho por esta cidade maravilhosa, que como dizia Caetano, é cheia de encantos mil e conquistou o meu coração.

Sobre pri12sousa

Eu sou a que no mundo anda perdida, eu sou a que na vida não tem norte, sou irmã do sonho, e desta sorte, sou a crucificada, a dolorida, sombra de névoa tênue e esvaecida e que o destino amargo, triste e forte impele brutalmente para a morte, alma de luto, sempre incompreendida, sou aquela que passa e ninguém vê, sou a que chama triste sem o ser, sou a que chora sem saber porque, sou talvez a visão que alguém sonhou, alguém que veio ao mundo pra me ver e que nunca na vida me encontrou! Ver todos os artigos de pri12sousa

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